30.3.08

Caos: Lorenz e seu atrator estranho...

(Uma pausa na avalanche de Kutulos!!)


1955: Um físico chamado
Eduard Norton Lorenz, aos 38 anos(com 90 anos hoje!), preenche a vaga deixada por Thomas Malone no corpo docente Departamento de Meteorologia do Boston Tech, atualmente conhecido como MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Lorenz herda, desta forma, a direção de um projeto de pesquisa cujo estudo se concentrava na previsão estatística do tempo. Herda também a possibilidade de participar daquilo que seria o início de “uma nova ciência”. O que conhecemos hoje como teoria do caos.

Lorenz sempre foi muito insatisfeito do modo pelo qual funcionava a previsão do tempo, mais baseada em estatística e no que ocorreu. O Tempo não era periódico, as situações não se repetiam, a situação era totalmente não-linear...

Aconselhado por um colega de departamento, Robert White, Lorenz começou a usar um computador, um Royal McBee LGP-30, criando um modelo de previsão que apresentava um conjunto de apenas 14 variáveis, que foram mais tarde reduzidas até 12 variáveis. Assim era possível traçar gráficos que representavam as condições meteorológicas desta atmosfera artificial. Dias ou meses de condições climáticas podiam ser simulados em poucos instantes.

Certo dia, Lorenz decidiu repetir alguns cálculos em seu modelo. Para isto parou sua simulação computacional, anotou uma linha de números que havia sido apresentada tempos antes e digitou-a, fazendo com que o programa rodasse novamente. Como cientista típico, foi tomar um café. Voltando instantes depois, para sua surpresa, notou que os novos números da simulação nada pareciam com os impressos anteriormente. Inicialmente eram iguais, depois de algum tempo começavam a diferir na última casa decimal, então na penúltima, na antepenúltima... Fisicamente este resultado poderia ser interpretado como sendo as condições climáticas que, primeiramente, comportavam-se de forma semelhante à simulação anterior, dias após surgiam pequenas diferenças, depois diferenças cada vez maiores até que, semanas depois, o quadro nada se parecia com a primeira simulação.

Lorenz então tentou representar essa dependência de condições iniciais de uma fora gráfica como uma forma de espiral desenhada em três dimensões, uma geralmente é suprimida(para a sanidade do sujeito durar um pouco mais):

Em 1971, o físico matemático belga David Ruelle resentou na Califórnia uma palestra intitulada “Os atratores estranhos como uma explicação matemática da turbulência”. O termo “atrator estranho” foi citado pela primeira vez no artigo conjunto de Ruelle e Floris Takens: “Sobre a natureza da turbulência”, que originou a palestra supra citada. Este artigo influenciou enormemente a recém criada teoria do caos.

Atrator é apenas uma representação gráfica de estados de um sistema, no espaço de fases. Mesmo sem jamais ter ouvido falar sobre atratores, Lorenz já havia visto um; seu atrator, que assemelhava-se a uma borboleta.

Embora a palestra de Ruelle tenha chamado a atenção dos estudiosos do caos para uma forma de representação gráfica bastante interessante, nenhuma influência seria de tal monta como a que causou um instigante artigo elaborado por Lorenz. Intitulado “Previsibilidade: o bater de asas de uma borboleta no Brasil desencadeia um tornado no Texas?”, o artigo foi apresentado em 1972 em um encontro em Washington. Lorenz não responde à pergunta mas argumenta que:

a) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado, então todos os bateres anteriores e posteriores de suas asas, e ainda mais, as atividades de outras inúmeras criaturas também o poderão;

b) se um simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tornado que, de outra forma, não teria acontecido, igualmente pode evitar um tornado que poderia ser formado sem sua influência.

O que Lorenz queria dizer é que insignificantes fatores podem amplificar-se temporalmente de forma a mudar radicalmente um estado.

O best seller de James Gleick “Caos: a criação de uma nova ciência” (1987) apresenta como um dos principais capítulos o intitulado “O efeito borboleta”. De uma forma tão coincidentemente incrível, como talvez somente o destino conseg
ue fazer, a forma do atrator de Lorenz e o ponto principal deste seu artigo são os mesmos: a borboleta. Por isto costuma-se associar à teoria do caos o chamado “efeito borboleta”. Mas quando alguém lhe disser com veemência que o efeito borboleta é chamado assim devido ao atrator; ou afirmar que é por causa do artigo, duvide, pois o próprio Lorenz desconhece o motivo.

*Imagem de um fluxo turbulento, a turbulência é um dos problemas tratados no Caos determinístico...


Links:
Teoria do caos do caos
Projeto Caos
O efeito borboleta
Caos em sistemas dinâmicos
Simulações de sistemas caóticos (Cálculo x gráfico)
Chaos
Biografia do Lorenz
chaotic attractors

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